Preâmbulo da Filosofia Africana
1. A filosofia africana surge num contexto conturbado e de extrema dúvida em relação ao seu estatuto científico devido fundamentalmente a (2) dois motivos :
a) Noção da universalidade da filosofia;
b) Visão pejorativa de África. 
No primeiro motivo, o principal obstáculo tem haver com o facto da definição da filosofia envolver uma concepção errada do conceito universal, ou seja, os ocidentais acreditam que para um problema ser considerado universal deveria passar sob os preconceitos próprios do seu modo de vida (cultura, hábito e costumes), por isso, todo o problema que não obedece aos princípios culturais ocidentais era visto como marginal e não digno de análise filosófico. Então surge uma questão fundamental:como tornar um problema localizado (africano) como universal? Como definir a filosofia africana, que tem carácter particular se o conceito filosofia tem um carácter universal? Este se mostra como um dos maiores desafios para a concepção da filosofia africana. Mas a África não obstante estar num contexto geográfico particularizado, os seus problemas podem ser tomados como universais na medida em que o problema da fome, morte, etc, não são só problemas africanos mas são problemas do homem independentemente da sua origem e cor da pele.
No segundo motivo, relativamente a visão pejorativa de África, verifica-se por vários autores exógenos (de fora de África), isto é, do ocidente.
Vão tentando definir o que seria a África e os africanos, muitas vezes tendo como base de análise os corigionários que já tinham passado pela África, quer no âmbito da expansão europeia quer no âmbito da busca pela mão-de-obra (escravatura). É importante saber que boa parte dos autores (exógenos) que pensaram sobre a África e os africanos nunca viajaram para a África, as suas visões sobre África são baseadas em relatos de conterrâneos nos termos acima citados que em muitos casos foram motivodos por razões ideológicas e não científicos. Neste contexto surgiram vários filósofos como :
Hegel: Que vai dizer o africano não tem história e a história para Hegel é a consciência de um povo e ao afirmar que o africano não tem história implicitamente afirma que o africano não tem consciência (sobre a sua história);
Voltaire: Na sua obra História do século XIV vai dizer que o povo mais evoluído e desenvolvido é o francês e o mais subdesenvolvido é o africano.
Jean Jacques Rousseau: Afirma que os africanos são bons selvagens ;
Montesquieu: Define o africano como uma sociedade sem leis;
Lévy-Bruhl e Temples: Afirmam que a África tem uma mentalidade pré-lógica. Embora mais tarde Temples viria a mudar de concepção mediante uma pesquisa realizada ao povo bantu, na região dos grandes lagos em Ruanda, de onde nasceu a sua obra A filosofia bantu em 1945.
2. A outra grande batalha travada pelos africanos e pela filosofia africana foi a sua tentativa de definição, e esta tentativa de definição envolve duas actividades fundamentais:
a) Desconstrução da visão pejorativa do ocidente;
b) Criação de condições para uma África vista de dentro para fora (endógena).
a) As ciências sociais e humanas realizaram novas abordagens, adoptando uma visão diferente em relação às culturas não ocidentai. Passaram a reconhecer que toda a cultura representa uma determinada civilização; independentemente da sua situação geográfica, histórica, social e económica.
b) O período em que a população africana viveu todas estas discriminações foi tão longo e profundo que ainda hoje estas se encontram bem vivas na sua memória. Tal condiciona o seu comportamento: este fenómeno não só influenciou a mentalidade europeia como também deixou marcas na mentalidade do próprio povo negro, visto que a sua auto-estima ficou deveras afectada. É aqui que é necessário a intervenção do filósofo africano, para projectar o futuro homem africano, partindo da sua própria história. Para tal houve necessidade de reabilitar a imagem do homem negro, estimulando a sua auto-estima e mostrando-lhe que ele é um homem igual ao branco. 
A primeira condição exigida a África para desconstruir a visão ocidental (pejorativa) passava necessariamente por ela (África), se mostrar capaz de traçar o próprio destino e, para se mostrar precisa constituir liberdade, autonomia e autodeterminação e igualdade. 
Todos os requisitos (valores) exigidos à pretensão de África se tornar um objecto reconhecido no mundo como dono do seu próprio destino passava por uma acção que se chamou schlieffen, ou simplesmente ousadia. O schlieffen foi uma técnica de guerra alemã introduzida por Alfred Von schlieffen (comandante em chefe do exército alemão). Em 1905 mais tarde, traduzida durante a primeira guerra mundial (IGM) como um sistema de ataque da Alemanha contra os principais inimigos tais como a França, Inglaterra, Rússia, e mais tarde veio a ser aproveitado pelo movimento africano contra a posição eurocêntrica tentando buscar uma posição afrocêntrica tal que se traduziu como ousadia dos africanos. 
Na liberdade significa que o africano tem que ter a capacidade de escolher o que é bom ou mau para si.
Na autonomia significa que o africano tem que ser capaz de se guiar a partir de leis próprias e para alcançar o próprio objectivo.
Na autodeterminação significa que o africano tem que ter os dois pés firmes na terra para poder fazer face a nova condição que é a liberdade.
Na igualdade significa que com a emissão da (carta de auforia) e outros documentos que permitem a auforia, os africanos passam a ter os mesmos direitos que os brancos. Aí estavam estabelecidos todas as condições as condições de busca pelas mesmas oportunidades.
Uma vez tendo criado os pré-requisitos havia condições para o africano responder a pergunta levantada por Booker washington ao questionar o que a liberdade comporta como responsabilidade, então os africanos já poderiam ser donos das próprias causas, isto significa que o africano estaria em condições de criar os seus próprios problemas para criar as suas próprias soluções. 
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